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1 – Os Adultos

Posted by on 10 de março de 2013

 Da experiência de uma pessoa que já viveu 60 anos, entendo que o adulto nada mais é do que o resultado de uma bagagem genética hereditária moldada pelo seu meio e, particularmente, por sua bagagem de experiências contínuas durante a vida.

 Destaco bagagem de experiências do meio porque o entendo que o meio não terá uma influência significativa se ele for um passivo contemplador, enquanto que quando falo de experiência me referido a postura ativa participativa frente ao que o meio lhe oferece.

 Como bagagem hereditária, do ponto de vista de um advogado, entendo um conjunto de características físicas e psicológicas que herdamos de nossos pais e famílias.

 Não vou me aprofundar, mas é sabido que irmãos – portanto nascidos com a mesma carga hereditária – se criados em meios diferentes podem tornarem-se pessoas muito diferentes. E quando falo diferentes não me refiro a questões estéticas, mas a questões comportamentais.

 Já por outro lado, irmãos que vivem no mesmo meio podem resultar em pessoas completamente diferentes se criados de forma distinta, seja pela atenção dos pais (tratamento diferenciado), seja pelas escolas que frequentam, seja pelas companhias que possui, seja pelos locais que frequenta, seja pelo que faz nas horas vagas etc.

 Com o que digo acima quero destacar a ideia e a compreensão de que os seres humanos não são iguais e os adultos não saem formados do berço.

 O que o adulto é hoje já é o resultado da sua carga genética, seu meio e suas experiências, até hoje.

 Se a partir de amanhã nós mudarmos de meio e/ou acrescentarmos novas experiências, amanhã nós seremos um outro adulto. Melhor ou pior, mas diferente.

 O que quero dizer com isto é que podemos mudar sempre. Ninguém esta fadado a continuar sendo o que é hoje.

 Neste sentido você pode e deve procurar sempre ser um melhor filho, um melhor pai, um melhor cônjuge, um melhor estudante, um melhor profissional, um melhor membro de sua comunidade. Um adulto melhor.

 Para amanhã sermos diferentes do que hoje, algo diferente em tipo, quantidade e/ou qualidade deve ser feito. Novas experiências devem ser vividas. Não seremos diferentes, muito menos melhores, se permanecermos sempre fazendo a mesma coisa, nem se permanecermos passivos ou contemplativos.

 Novas experiências costumam exigir um algo mais, uma iniciativa ou reação diferente de nossa parte.

 A tendência natural, e preguiçosa, do ser humano é manter as coisas como são e estão.

 Ele tende a se conformar com o que é e com o que conquistou (se é que conquistou algo) e usa artifícios psicológicos para se auto convencer que assim está bem, correto e é suficiente.

 Ele inclusive se mantém junto a um grupo de outros adultos com as mesmas características porque, estando todos igualmente conformados com a mesma realidade, darão suporte e conforto de que assim está bem, ou igualmente reclamando da vida e da realidade sem assumirem que poderia ser diferente se fizessem algo de concreto a respeito, além de só reclamar.

 Os grupos de pessoas sempre estão atrás de mais componentes porque é a forma de continuarem se auto justificando. É comum encontrarmos nestes grupos um comportamento de ataque a pessoas de fora do grupo, principalmente quando elas conquistaram algo mais do que eles.

 Estes ataques, num primeiro momento objetivam captar a pessoa para o grupo com base na ideia de que a pessoa, se vendo desconfortável com os ataques, conclui que é mais cômodo se juntar a eles do que manter suas posições pessoais distintas.

Estes ataques, num segundo momento, objetivam não conseguindo captá-la, evitar que ela se una a algum outro grupo com ideias diferentes, para evitar que o outro grupo se fortaleça e predomine.

 Alguém já disse, e eu acompanho esta concepção, que uma comunidade ou instituição é composta por 10% de pessoas que não prestam, 10% de pessoas que prestam e 80% de pessoas indefinidas. Ou seja, que não estão definidas por estarem em formação pessoal, por não dominarem o assunto tratado ou sofrerem fortes influências das características dos indefinidos, abaixo identificadas.

 Os 80% de indefinidos são a grande massa de manobra. São os que ficam a mercê das influências do momento, principalmente as emotivas, ou se posicionam sem dominar a matéria, ou conforme seu interesse pessoal e particular.

 Voltando aos grupos de pessoas, quanto pior os componentes dos grupos de pessoas, mais “barulho” eles fazem. Este comportamento “barulhento” resulta em “intimidatório” e busca fazer com que os “indefinidos” acompanhem suas posturas.

 Na prática, isto fica demonstrado quando numa concentração de muitas pessoas elas, que num primeiro momento estavam numa posição passiva, assistindo o que estava acontecendo, num segundo momento a maioria esta aplaudindo ou vaiando porque acabam acompanhando os primeiros a se manifestar.

 Normalmente os primeiros a se manifestarem são os do grupo dos “barulhentos”. Começam a aplaudir ou vaiar, conforme seus interesses sem que, necessariamente, fosse para aplaudir ou vaiar. Por outro lado, a grande parte dos “indefinidos” acaba acompanhando os barulhentos sem bem saber porque, mas porque é mais fácil “acompanhar” do que se antepor aos demais.

 Quando, nesta concentração, existem grupos rivais ativos, não raras vezes acaba numa grande confusão.

 Os que detêm o poder nas sociedades ou instituições que não vão bem, ou são todos dos 10% que não prestam, ou, por estes 10% não serem suficientes para controlar o poder, eles captam os restantes dos 80% indefinidos, os mais manipuláveis (normalmente os de maior vaidade pessoal, os menos competentes ou simplesmente os mais ingênuos).

 Dentre as características dos 80% indefinidos, por interesse dos grupos de poder são:

  • ingenuidade;

  • incompetência;

  • indisciplina;

  • irresponsabilidade; e,

  • inexistência de valores;

 Estas características existem não por culpa de cada um dos 80% indefinidos, mas por interesse dos grupos de poder.

 Este interesse resulta do fato de que é mais fácil manipular as pessoas que:

  • forem o mais ingênuas possível para aceitar a “verdade” que lhes apresentarem;

  • não forem adequadamente capacitadas, ou seja, tiverem competências limitadas;

  • forem indisciplinas, pois assim não se organizam e não há evolução;

  • cultuar a irresponsabilidade, o ninguém cobrar nada de ninguém, permite ao grupo de poder fazer o que quiser sem ser cobrado; e,

  • ao não cultuarem valores, não há limites ao que se faz, e a permissividade com a irresponsabilidade corrompe as pessoas, e, pessoas corrompidas não tem como cobrar a corrupção dos outros e principalmente do grupo de poder.

Dentro deste quadro, quero destacar a importância dos “indefinidos”, que assim são mantidos pelos grupos de poder.

 Considero que os “indefinidos”, a grande maioria, assim como os elefantes, não sabem, e não usam, a força que tem, permitindo que minorias os manipulem.

 Cabe, portanto, aos indefinidos perceberem, tomarem consciência do quanto são ingênuos, o quanto não estão capacitados, o quanto são indisciplinados, o quanto são irresponsáveis, sua falta de culto a valores e o quanto são manipulados por estes fatos.

 Tomando consciência de suas características pessoais, e partindo para uma postura ativa em relação a elas, perceberão o quanto são enganados e, principalmente, não precisam e nem devem permanecer desta forma.

 Como fazer para alterar esta realidade?

  • Não aceitem nada como verdade antes de esclarecerem os fatos;

  • Capacitem-se, tornem-se cada vez mais capacitados para assumir maiores responsabilidades e colher mais frutos de seu trabalho;

  • Sejam mais disciplinados e cobrem para que os outros sejam igualmente disciplinados porque, então, todos sabendo e cumprindo as regras a evolução virá;

  • Sejam mais responsáveis e cobrem para que os outros sejam igualmente responsáveis, só assim o planejado se tornará realidade; e,

  • Cultuem valores, saibam o que é certo e o que é errado. Faça o certo e cobre para que os outros também façam o certo. Não permitam que façam o errado e fique por isto mesmo.

 Concluo, por ora, destacando que este artigo tem por objetivo conscientiza-los de 3 ideias que entendo fundamentais para que o adulto não seja manipulado e tenha um futuro melhor:

 a) Somos fruto de nossa carga genética, mas principalmente do nosso meio e de nossas experiências;

 b) Não nascemos formados, nem limitados, podemos ser ainda melhores amanhã se formos ativos em vivenciar novas e mais experiências positivas; e,

c) Nossa realidade será melhor na medida em que formos menos ingênuos, mais competentes, menos indisciplinados, mais responsáveis e intransigentes com o errado.

Portanto, questione, faça seu espaço, nunca se conforme com o atual, sempre busque mais, tenha identidade própria. Você pode e deve.

 Sucesso.

Mario H. P. Farinon

3 Responses to 1 – Os Adultos

  1. Felipe de Paulo

    Farinon, excelente texto, a busca pela excelência é algo que dever ser um hábito. Como dizem em inglês: stay hungry! Parabéns pelo blog!

  2. Rafael Nunes

    Farinon,

    Fico muito feliz de vê-lo de volta à cena, não mais no CAN como lhe conheci (pelo menos por enquanto) mas agora via blog.

    Tenha certeza de que acompanharei seus escritos e, se forem como suas participações durante as reuniões em que lhe acompanhei, tenho por certo que serão todos muito interessantes e, pra dizer o mínimo, dignos de reflexões.

    Sempre Alerta!,
    Rafael Nunes

    • Geraldo marcio Azalim

      Voltando depois de 10 anos ao movimento escoteiro

      Sempre Alerta

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